Abrindo os trabalhos

Estamos nos últimos dias do ano de 2025 e a única coisa em que minha mente se ocupa nesse momento é em remoer os acontecimentos deste ano tão estranho. Em algum momento, sei que vou ver várias retrospectivas de conhecidos nas redes sociais com imagens felizes mostrando como o ano deles foi maravilhoso e rodeado de pessoas que os amam. Meu ano foi esquisito, solitário na maior parte do tempo, recheado de leituras e com mudanças bruscas de carreira e vida. 

Este blog nasceu na minha cabeça há vários meses atrás, mas ele precisou ficar guardado em alguma gaveta do meu cérebro enquanto eu começava a me acostumar com a rotina nova. E devo confessar que sou uma pessoa que não lida muito bem com mudanças de rotina: sou um ser pacato, quase um gato preguiçoso depois de jantar pela terceira vez. E depois de um diagnóstico de burnout e de ter o traseiro chutado pela empresa que dediquei 10 anos de trabalho e da minha vida, eu precisava achar alguma forma de sair da lama em que eu me encontrava. Você deve estar se perguntando se me recuperei do burnout em algum momento deste ano. A resposta é não (nem consegui parar para digerir a situação), mas preenchi o vazio com o hobby que eu adorava e que virou profissão. 

Virei bartender numa cidade que não valoriza a profissão de bartender, mas me divirto nos momentos que estou atrás do bar e alguém me pede uma indicação ou um cliente pede algum clássico que não está na carta. Precisei me afastar um pouco das degustações que adorava participar, mas não deixei de ler sobre o mundo das bebidas. E esse ano trouxe alguns momentos bem tensos, como o caso das bebidas com metanol. Foi um momento triste ficar atrás do bar e não ver quase nenhum drink saindo durante a noite. Por sorte, aqui não teve nenhum caso confirmado, apesar das notícias de suspeitas. Também foi um ano recheado de notícias sobre a diminuição de consumo de bebidas alcoólicas, rotinas “fitness”, mas ninguém fala sobre o absurdo das pessoas preferirem consumir um certo refrigerante zero no lugar de um suco de frutas porque estão contando calorias. Até o coitado do suco de laranja virou vilão e inimigo das barrigas saradas.

Nesses dias que antecedem a virada do ano, em que a cidade está meio vazia e silenciosa,  resolvi que mereço um dry martini para comemorar que sobrevivi a mais um ano e me preparar mentalmente para o ano que se inicia. Afinal, quem pode adivinhar quais desafios aparecerão no ano que vem? Espero que o ano seja tão bom quanto uma dose de bourbon às 17h da tarde.

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